sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Turista ou Viajante?

Viajar é maravilhoso e isso ninguém discute. Conhecer novas paisagens, experimentar sabores inimagináveis, o cheiro característico de cada lugar, os sotaques, idiomas, tudo transforma esses momentos em impressões para a alma.



Cada momento é gravado em nossos sentidos, deixando o sentimento de quero mais a cada volta para casa.


Para conhecer um novo lugar, nada melhor do que as dicas preciosas de quem já esteve por lá. Aquele lugar que você não pode deixar de conhecer, o sabor que você precisa provar, a foto que você precisa tirar. Como é bom estar em uma roda de amigos conversando sobre as impressões de um lugar, e perceber como cada um registra suas opiniões e predileções enquanto conhece o mundo.


Sempre que programo uma nova viagem procuro saber os costumes do lugar, as dicas imperdíveis e preciosas dos visitantes. Mais gostaria apenas de frisar um ponto, programar uma nova viagem significa escolher o lugar, comprar as passagens, arrumar a mochila, saber os pontos que pretendo visitar e pronto! Com apenas um detalhe o tempo máximo para tudo isso acontecer é de 15 dias.


Várias pessoas podem visitar o mesmo lugar, mais cada uma delas irá levar as suas impressões, o ponto mais marcante, e sua vivência e relação com o local irá definir essa relação.


Para mim existem duas relações distintas em uma viagem, o “turista” e o “viajante” e algumas diferenças básicas registram em qual dessas classificações as pessoas se encaixam. O viajante tem seus momentos de turista, afinal como deixar de ir ao Vaticano estando em Roma! Só que existem momentos que apenas o viajante é capaz de desfrutar, por ter uma visão um pouco mais ampla do lugar que está visitando.


O turista quer saber quais são os lugares que todos visitam em um lugar, que não podem deixar de ir, o viajante além de visitar esses lugares procura pontos aonde os turistas não vão, que são igualmente belos, e muitas vezes surpreendentes. Essa atitude já me levou para lugares lindos e me renderam além de belas fotos, ótimas histórias para contar.


Respirar a atmosfera dos moradores do lugar é algo que o viajante adora fazer, saber como vivem, o que pensam da cidade onde moram, suas histórias e vivências. Claro que conhecer o idioma é um fator fundamental para viver essa experiência, ou no mínimo estar disposto a entender e se fazer entender.


Fazer amigos em diversas partes é uma delícia, você ganha novos apelidos, prova coisas inusitadas e escuta histórias inimagináveis.


Em uma visita a Firenze em 2006 conheci dois brasileiros que haviam começado sua viagem pelo sul da Itália e iriam terminar em Milão, e para minha surpresa eles não levavam máquina fotográfica. Quando percebi esse detalhe pensei, como alguém pode viajar para Itália, visitar lugares tão lindos e simplesmente não fazer nenhuma foto? Na minha cabeça isso é algo inimaginável, na minha primeira viagem foram apenas 3.000 fotos! Ainda mais surpreendente foi a resposta que ouvi quando questionei a ele sobre o porque não estava com uma máquina fotografia:


“- Eu prefiro gravar as imagens na minha retina!”


Isso sim é uma atitude de um viajante, pois não existe turista sem máquina fotográfica. Os japoneses que o digam! E nesse quesito sou totalmente turista, afinal como uma artista plástica não vai aproveitar tantos lugares diferentes e lindos.


Tenho um hábito que nem todas as pessoas gostam o de provar um sabor tipicamente local, aquilo que você só encontra para comer naquele lugar, mais claro que nada extremamente exótico. Como visitar a Bahia e não comer um acarajé? No meu caso frio, que significa sem pimenta, pois não gosto de pimenta. Acho que quando visitar o México terei problemas. Isso tudo é muito turista não é mesmo?


Outro ponto tipicamente turista é o city tour. Ônibus ou vans que vão passando pela cidade e você recebe explicações ao longo do caminho, é tão rápido que o guia usa o tempo verbal praticamente no passado “- aquela praça que passamos...” é impossível dizer que se conheceu uma cidade passando por ela dentro de um ônibus, um viajante não paga um city tour. Nada melhor do que caminhar pelas ruas de uma nova cidade. Ouvir as pessoas conversando, como vivem e como se comportam. Caminhar pelas ruas onde não se encontram turistas pode-se descobrir maravilhas! Lugares que nenhum “turista” vai chegar, simplesmente pelo fato de não estar no roteiro. Iguarias típicas de cada local, onde apenas os moradores podem te informar.


Esse espírito desbravador é o principal companheiro do viajante, ele te move a andar mais e mais, e isso é com um vício, você sempre busca novos lugares, novos sabores, e não se cansa de tantas experiências diferentes. Não achou bom o novo sabor que experimentou? Não importa, faz parte da experiência, só assim é possível dizer que sabe o que realmente aprecia. Ainda não me deparei com nada extremamente estranho que não tive coragem de provar, se isso acontecer, terei que decidir na hora, mais conheço bem meu limite para novas experiências, o importante é estar seguro e com vontade, se seguir a sua vontade de comer algo diferente, não vai se arrepender.


E você ai, turista ou viajante? Seja qual for a sua opção o melhor mesmo é cair na estrada.


Para contribuir com turistas ou viajantes vou deixar registradas as minhas dicas, lugares imperdíveis por onde passei e as vivências que deixaram seus registros na minha alma!


Arrivederci!